Neide Araujo Castilho Teno
Dourados / MS

 

 

Não sei falar

 

Não sei falar para determinadas situações da vida
Nem para apáticos, fingidos ou faz de conta.
Palavras soltas ao vento não podem ser perdidas
Amassadas, fingidas, esmagadas.
Não falo para aqueles alienados, escravos do sistema,
Que vigiados vigiam para não serem surpreendidos
Fingem amar, fingem fazer, fingem ser.

Falo para quem gosta de histórias, da natureza, do belo,
Para quem gosta de leitura, da pesquisa, do mundo da linguagem.
Falo para quem permite a reconstrução da identidade,
Traduzida em identidades abertas, contraditórias, inacabadas,
Aquelas pensadas em um sujeito pós- moderno.

Falo ainda para você que fala e desvela, pensa e retrai
Que sonha e acorda, que empolga e esmorece,
Fica enfim no mesmo degrau, nem sobe nem desce,
Falo de repente pela gentileza do coração sem mascaras,
Distancio das relações humanas, da dor, dos infortúnios
Para encontrar o que falar.

 

 

 

 
 
Poema publicado no livro "Versos achados numa noite perdida" - Abril de 2019