Wagner Gomes
Caçu / GO
Silêncios enluarados
Não eram silêncios todos aqueles silêncios,
que em noites enluaradas se comunicavam.
Nem eram palavras todas aquelas palavras,
que em noites escuras gritavam.
Faziam-se escurecidos os dias claros e angustiantes,
que em silêncio não se comunicavam.
Mas naquelas noites claras e enluaradas
todas as palavras saiam de seus esconderijos.
Dos olhos pensantes do pequeno poeta emudecido,
um turbilhão de palavras desconexas jorravam.
Da boca seca e ansiosa do pequeno escriba, o silêncio,
que nem mesmo quando gritante, conseguia dizer o que pensava.
O pequeno e desconhecido escrevente noturno
deixara que seus silêncios fossem suas palavras.
No entanto, dentro de si, seus silêncios vertiam,
e tornavam-se sua mais insignificante poesia.
Em meras noites escuras e solitárias,
ele trancava os olhos tristes e insensatamente dormia.
Em noites silenciosas e enluaradas,
seus punhos uivavam solitariamente sobre as folhas brancas.
E assim, todos os seus silêncios se comunicavam,
e todas as suas palavras poetizadas se calavam.
Horripilantes eram seus uivos,
descritos no silêncio, em uma noite enluarada.
Silenciosas eram suas palavras não pronunciadas,
que na escuridão, apenas murmuravam.
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