Wagner Gomes
Caçu / GO

 

 

Silêncios enluarados

 

Não eram silêncios todos aqueles silêncios,
que em noites enluaradas se comunicavam.
Nem eram palavras todas aquelas palavras,
que em noites escuras gritavam.
Faziam-se escurecidos os dias claros e angustiantes,
que em silêncio não se comunicavam.
Mas naquelas noites claras e enluaradas
todas as palavras saiam de seus esconderijos.

Dos olhos pensantes do pequeno poeta emudecido,
um turbilhão de palavras desconexas jorravam.
Da boca seca e ansiosa do pequeno escriba, o silêncio,
que nem mesmo quando gritante, conseguia dizer o que pensava.
O pequeno e desconhecido escrevente noturno
deixara que seus silêncios fossem suas palavras.
No entanto, dentro de si, seus silêncios vertiam,
e tornavam-se sua mais insignificante poesia.

Em meras noites escuras e solitárias,
ele trancava os olhos tristes e insensatamente dormia.
Em noites silenciosas e enluaradas,
seus punhos uivavam solitariamente sobre as folhas brancas.
E assim, todos os seus silêncios se comunicavam,
e todas as suas palavras poetizadas se calavam.

Horripilantes eram seus uivos,
descritos no silêncio, em uma noite enluarada.
Silenciosas eram suas palavras não pronunciadas,
que na escuridão, apenas murmuravam.

 

 

 

 

 

 

 

 
 
Poema publicado no livro "Poemas Enluarados"- Edição 2019 - Novembro de 2019