João Riél M. N. V de Oliveira Brito
Tunas / RS

 

 

Por entre os meus pés

 

 

Por entre os meus pés desabou uma construção
Que eu mesmo fiz, usando areia, cimento, água e enxada
Ao ver a obra demolida, entristeci pela empreitada
Pois havia me empenhado nela de todo o coração.

Ali eu perdi horas inteiras desta minha jornada.
E um tijolo após o outro eu ergui do chão
E pouco a pouco o recanto de uma solidão
Eu transformei num grande prédio e mais nada.

Eu batalhei tanto para construir este edifício
Mas ao vê-lo caindo eu fique sem artifícios
Pois vi cair com ele o meu contentamento.

Mas o que eu já fiz vou deixar aqui na lembrança
Por que tenho lá no fundo uma nova esperança
De reconstruir novamente o meu apartamento.

 

 

 

 
 
Poema publicado no livro "Versos sobre o que não sei" - Maio de 2019