Alberto Magno Ribeiro Montes
Belo Horizonte / MG

Incógnita

CENA I

Aquela menina, de pés descalços no chão frio e úmido
A caminho da escola, sonhava em ser uma doutora, talvez…

CENA II

Os versos mais lindos que ela já leu, achou que eram meus:
“Eu tenho um segredo pra te revelar
Desde a primeira vez em que te vi.”

CENA III

Muito tempo depois, já adulta, deixou-me
Apesar d’eu suplicar-lhe para que não partisse.
---
É assim que procuro definir o amor:
Li uma vez, que “Não amamos a pessoa e sim a cena”.
E aquelas cenas encantaram me.
A primeira não presenciei; a própria menina contou-me
Da segunda, lembro-me bem, como se fosse hoje
Da terceira, fui o figurante abandonado.

Mas ela voltou.
Acho que os momentos de felicidade superaram os de tristeza.
Dentre as diferentes versões dela, prefiro a atual:
Forja meu caráter desavergonhado escondido.
E até hoje não consigo defini-la
Só consigo lembrar-me das cenas…