Sandra Berg
Belém / PA
Livro vivo
Vi de alguém fascinante o amanhecer,
O seu apogeu,
E vi a sua estrela desaparecer.
Ao meio de sua jornada
As perguntas se apressarem
Em querer respostas que jamais teve.
A vida é uma nuvem passageira,
Enquanto esse bordão é apagado
Numa página do Word,
Um sonho é substituído por outro
E não dá tempo nem de perguntar por quê.
Hoje estou mais para partilhar
A poesia concreta que sinto
Do que ficar sentindo dó de mim
Nem vou ficar tecendo colares de tédio
Perto da janela de inverno.
Estou é pra tomar chuva na cabeça
Dane-se o cabelo que fique ruim.
Agora sopram na mente, os ventos mudaram,
Até as pedras mudam com a chuva
Eu não fujo, eu não fujo mais.
Quero viver o livro que escrevo,
Palmilhado milímetro a milímetro
Em páginas e calçadas derramadas no tempo
Tempo de calçada em páginas derramadas
Veias artérias encharcadas
Ao ócio de uma dor que me possui
Pra o livro poder acontecer,
Só pra dizer que amo.
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