Alberto Magno Ribeiro Montes
Belo Horizonte / MG

Natal

Um menino pobre parou em frente ao portão da casa de um menino rico, e o viu brincando com um lindo caminhãozinho. Nunca seus olhos haviam se maravilhado tanto, pois o tal brinquedo era igualzinho ao dos seus sonhos.
 Perguntou, então:
-De quem você ganhou?
 E o menino rico disse:
- Foi Papai Noel que me mandou.
-Por que ele não me mandou um também?
-Você escreveu uma carta pra ele pedindo?
-Não escrevi, não! 
E o pobre menino pensou:
-Ah! Então é só escrever uma carta pra ele pedindo, que ele manda!
…
Nisso se passou quase um ano, de ansiosa espera, dia após dia… No início de dezembro o menino pobre finalmente escreveu. E esperou, mais ansioso ainda pelo dia de Natal, quando ao acordar, procurou por todo lado e nada!  Não havia árvore de Natal, tão pobre era! Mas procurou debaixo da cama; ao lado do sapato velho e furado e nada…Então, foi novamente à casa do menino rico e o encontrou brincando com um belo aviãozinho, com controle remoto e tudo.
-Foi Papai Noel que me mandou!
-Mas como?!!!
Não conseguia entender. Será que não merecia também um presente do Papai Noel? Foi um menino bom, durante todo o ano; não brigou com ninguém, estudou muito e ajudou a pobre mãe viúva, vendendo rosas aos namorados, nos bares da noite. E como na música “O menino e a rosa”, dizia: -“Rosa vermelha, rosa amarela. Compra, seu moço, e dá de presente a ela. Compra, moço! Ajuda!” E também rezou tanto para o Menino Jesus…

Não conseguia entender o fato de Papai Noel não ter trazido o presente que havia pedido. E chorou muito…muito mesmo. Mas resolveu perdoar Papai Noel. Não ficaria com raiva dele. E isso foi apenas o começo de uma série de desenganos; de coisas que não conseguiria entender ou aceitar, ao longo de sua vida. Seu coração, mesmo agora que já é um adulto, sempre  recusou a acreditar que a pobreza, ou mesmo a riqueza, valia mais e falava mais alto que a honestidade, a bondade, a sinceridade e o amor.

E viva Papai Noel!
E  viva o Natal