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Lourdes de Oliveira Silva
Capanema / PA

 

Aki, Ally, Akolá

 

Em mil novecentos e antigamente, em uma cidadezinha no interior do Estado do Pará, morava um cidadão conhecido por Zé Vieira, muito esperto, trabalhador, e cheio de artimanhas, embora fosse semianalfabeto. Cheio de virtudes porém, com um grande defeito era um homem medroso, tinha medo de visagem, alma penada, fantasma, enfim, de tudo que pertencesse ao reino sobrenatural.  Pense numa pessoa medrosa e eleve ao quadrado, assim era Zé Vieira, porém, homem de muita sorte, possuía muitos hectares de terra e cultivava uma área enorme de plantação de tabaco (fumo), pois era com esse produto que se identificava e gostava de trabalhar e para aproveitar a área já ocupada com o plantio de  tabaco, (fumo), plantava sementes de melancia no mesmo espaço, ou seja,  junto com o tabaco, para aproveitar o espaço que era bastante fértil.
O roçado de melancia do Sr. Zé Vieira ficou muito bonito, frondoso, exuberante, cada melancia que um homem normal não conseguiria suspender de tão grande. Um belo dia de muito sol, pois era verão, Zé Vieira percebeu que estavam furtando suas melancias e ficou indignado dizendo: - Vou pegar esses ladrões de melancia! – Eles me pagam! – Vão ver só. Encheu-se de coragem, passou a mão na sua cartucheira botou na cintura e saiu feito o zezeu, igual a um doido comendo milho e foi esperar os ladrões de melancia.  Quando os ladrões: Aki, Aly e Akolá avistaram o Zé Vieira, e já sabendo do medo que ele tinha de almas penadas disseram:
- Vamos botar o Zé Vieira para correr?  - Um deles perguntou como, e os outros responderam: - Vamos simular que nós estamos mortos.
Aki, o primeiro da fila falou para os outros: -  Quando nós éramos vivos, por aqui passavam nossos corpos. Ally, o que estava no meio respondeu: - Agora como nós somos mortos, por aqui passam nossas almas.  Akolá, o último da fila, com uma voz estridente falou para Aki: - Alma penada pegue lá o Zé Vieira. Nesse momento, o tempo ficou nublado, melancólico, caiu um tremendo temporal com relâmpagos e trovões, Zé Vieira arrepiou-se todo e os cabelos ficaram em pé de tanto medo. Desabou na carreira deixando a cartucheira e o roçado de melancia para as almas ladras. Segundo os moradores da comunidade, Zé Vieira está correndo até hoje sem parar, pois ele tinha tanto medo de almas penadas, visagem e assombrações, quanto o Lúcifer da cruz.

 

 
 
Conto publicado no livro "Contos de Verão" - Março de 2016