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Lucas Pedroso Pereira da Costa
Gaspar / SC

 

A paixão de Simão

 

Certa tarde, Simão deitado abaixo de um sombreiro, contemplando o céu azul, granulado por suas nuvens flutuantes, que dançavam para o sol que em pouco iria se deitar.  Ao lado de sua amada, tão bela e tão florada, que com seus cabelos ao vento lhe encantava, todo corpo, ser, e alma. Por entre os dois, um belo e afável animal que ambos adoravam.
   Por toda a tarde ali ficaram, conversando, juntos se amando, desfrutando o que há de mais belo no amor, sentindo toda a emoção de viver, de estar junto da pessoa querida sobre um céu de maravilhas e uma grama verde sobre um monte a resplandecer.
   Ao ver o sol se pondo Simão pega sua mão e diz:
    – Vamos nos desafiar?
   Isabel intrigada e ao mesmo tempo excitada entra de acordo com a ideia.
    – Mas o que vamos fazer?
    – Vamos duelar, um novo jogo de rimar, para ver quem de nós irá ganhar.
    – Ok, então você há de começar, enquanto eu fico aqui a pensar.
   E assim iniciou-se a nova dança do casal.

"– Ó minha cara Isabel
Com seus olhos esverdeados
Seus sabores tão alados
E cabelo cor de mel

Conquistas meu território
Eleva-me aos céus
Quero-te em véus
Ao meu lado no casório

Fazer-te feliz por todo tempo
Quando nada mais faz sentido
Antes de nosso momento

Ao ver o que antes de nós foi vivido
Deixa-me ser teu alento
Permita-me ser teu marido.”

   Lisonjeada, Isabel se enrubesceu, tomou-lhe em seus braços laceando seu corpo, satisfeita de tanta alegria. Após algum momento de desfruto de afeto entre o casal, chega a hora de ela cumprir seu lado do desafio.
    – Creio que agora é minha vez – Declara Isabel.
    – Vá em frente – responde Simão.

"– Aos cantos e encantos
Que o amor pode oferecer
Deixo-me guiar pelo mais belo
Sentimento que sinto por você

Vós, que és nobre e singelo,
De coração sempre intocado
Que crueldade em seus olhos não se vê
Como um ser iluminado
Bem feito da manha ao anoitecer;

Toma-me em teus braços
Erga-me aos céus
Lança sobre mim suas caricias
Deleita-me todo seu mel
Ande ao meu lado
Pois é ao seu que estarei de véu

E que os anjos nos encantem
Com seus trompetes abençoem
À partir do momento que meu marido
Tu, quem serás, ó, meu querido,
Entrar comigo ao recinto
Trajando o véu e vestido
Para que eu posso para sempre
Todo sempre ser feliz contigo.”

   Simão a beija e a abraça comemora a paixão, o sentimento compartilhado. Uma alegria transbordante invade o peito de ambos, algo tão fascinante, que impossível é descrever. E ao ser o fim do por do sol e o nascer da lua. Simão para, e percebe que a imagem se desfaz, os contornos ficam borrados e o sombreiro é apagado, Isabel desaparece, e então tudo escurece.
   Ao se dar conta Simão já sabe onde se encontra, deitado em sua cama, ao lado de seu bichano, sua única companhia neste tempo mundano, e consegue aos poucos entender, o porque de estar chorando, soube que tudo aquilo era um sonho, e recorda agora que Isabel não mais existe em seu viver, consegue perceber que nos sonhos, temos desejos realizado, mas na vida, tudo isso é frustrado. Pobre Simão, coração tão bom, agora já quebrado, um ser tão amado, agora em prantos, desejo-lhe o que possa ocorrer de melhor, mas desejos são projetos de sonhos frustrados.

 

 
 
Conto publicado no livro "Contos de Verão" - Março de 2016