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Marketing Pessoal para escritores - 2

Marketing pessoal e condicionamento mental


De certa forma, as estratégias de marketing pessoal nada mais são do que técnicas de condicionamento mental desenvolvidas a partir das experiências de Ivan Pavlov sobre os reflexos condicionados.

Segundo a teoria dos reflexos, de Pavlov, o "aprender" constitui-se no encontro muito rápido de um estímulo condicionado (um som, um sinal de luz etc.), com um estímulo não condicionado (alimentação, por exemplo), e que desencadeia uma reação imediata. Esta teoria, que segundo W. Correll explica um dos três processos pelos quais o homem consegue aprender (os outros dois são a "teoria do efeito", de Thorndike/Tolman/Hull e Skinner, e a "teoria da forma"), permitiu mais recentemente o surgimento de algumas técnicas conhecidas por "técnicas de condicionamento mental". E são justamente estas técnicas que foram adaptadas para a aplicação naquilo que hoje chamamos de marketing pessoal.

Não é errado afirmar-se que todos nós somos condicionados, desde a infância, a
reagirmos desta ou daquela forma, dependendo do estímulo, e segundo determinados
conceitos. Esse condicionamento, no entanto, só é possível porque somos estimulados
insistentemente. Veja: a mãe "insiste" com o filho para que ele sempre se levante e cumprimente as pessoas que chegam para uma visita, e pune se ele assim não fizer. Com o passar do tempo (e para não ser punido) este procedimento fica condicionado e, durante toda a vida, com certeza, a pessoa cumprirá tal formalidade sempre que receber uma visita.
Partindo do mesmo princípio, e sem muitos mistérios, podemos condicionar as
pessoas a reagirem da forma como pretendemos que reajam. Basta seguir o mesmo
roteiro e insistir neles o tempo que for necessário. Ou, se assim preferir, aproveitar os reflexos já condicionados na pessoa e entrar, tão-somente, com o estímulo não condicionado.
Você, com certeza, já viu uma criança pequena tomando injeção, não é mesmo? Quando ela é levada, pela primeira vez, para tomar injeção, não teme nem chora quando vê a seringa. Porém, aquelas que já experimentaram o sofrimento de uma agulhada nas nádegas, abrem o berreiro tão logo veem a “terrível” seringa.
Todas as pessoas têm, basicamente, as mesmas reações diante das mais diversas situações. E as têm por puro condicionamento. Desta forma, se você quer sua imagem interpretada de uma forma específica, o que deve fazer é, simplesmente, "tocar a campainha" e esperar que o outro "salive". Ou seja, veja como elas reagem e a quê reagem, e proceda de acordo com as evidências. Nada muito complicado, pode crer.


- O contágio mental



O elemento essencial da propagação das opiniões é o contágio mental (a opinião de um contagiando a mente do outro). A sua força é, muitas vezes, bastante considerável para fazer o indivíduo agir até mesmo contra os seus interesses mais evidentes.
Todas as manifestações da vida psíquica podem ser contagiosas, mas são, especialmente, as emoções que se propagam desse modo. As ideias contagiosas são sínteses de elementos afetivos. Observe, por exemplo, como durante uma partida de futebol, torcedores são capazes de contagiar outros torcedores, levando-os a agir da mesma forma, às vezes em conjunto, seja para o bem ou para o mal.
Na vida comum, a vontade do indivíduo pode impedir o contágio, mas, se uma causa
qualquer - violenta mudança em tempo de revolução, excitações populares, revolta
de uma torcida contra o próprio clube etc. - vem paralisá-la, o contágio exercerá facilmente a sua influência e poderá transformar seres pacíficos em homens violentos.
Dizia Gustave Le Bon, o “pai” da Psicologia Social, que “sob influência (contágio mental), os indivíduos são capazes de passar de um partido para outro e empregar tanta energia em reprimir uma revolução quanto em fomentá-la”.
O contágio mental não se exerce somente pelo contato direto dos indivíduos. Os livros, os jornais, a televisão, mesmo simples rumores ou boatos, podem produzi-lo.
Quanto mais se multiplicam os meios de comunicação tanto mais se impõem conceitos e opiniões, que acabam nos contagiando. Como a cada dia estamos mais ligados àqueles que nos cercam (justamente por causa da proliferação de “novas ideias e conceitos” através da mídia) a mentalidade individual acaba facilmente assumindo a forma da mentalidade coletiva.
Entre todas as variedades de contágio mental, uma das mais poderosas é a do grupo social de que fazemos parte. Nenhuma vontade é suficientemente forte para subtrair-se à sua ação. É esta forma de contágio que dita as nossas opiniões e os nossos julgamentos, sem que sequer o percebamos.

- A moda

As variações da sensibilidade humana, sob a influência das modificações do meio, das necessidades, das preocupações etc., criam um “espírito público” que varia de uma geração para outra ou, até mesmo, no espaço de uma geração. Esse espírito público, rapidamente dilatado por contato mental, determina o que se chama a moda. Ela é um possante fator de propagação da maior parte dos elementos da vida social e das nossas opiniões.
Não é só o vestuário que se submete às suas vontades. O teatro, a literatura, a política, a arte, as próprias ideias científicas lhe obedecem, e é por isso que certas obras apresentam um fundo de semelhança que permite falar do estilo de uma época. Em virtude da sua ação inconsciente, submetemo-nos à moda sem que o percebamos. Nem os espíritos mais independentes e esclarecidos conseguem evitar. São muito raros os artistas, os escritores que ousam produzir uma obra muito diferente das “ideias do dia”.
A influência da moda é tão pujante que ela obriga-nos, por vezes, a admirar
coisas sem interesse e que parecerão mesmo de uma feiúra extrema, alguns anos
mais tarde. O que nos impressiona numa obra de arte é muito raramente a obra em
si mesma, porém a idéia que os outros formam dela, e isso explica o porquê do seu valor comercial sofrer enormes mudanças.
O exemplo é uma forma poderosa de sugestão, mas,p ara agir realmente, é importante que ele cause impressão.

- O efeito da afirmação e da repetição

A afirmação e a repetição são agentes poderosos pelos quais são criadas e propagadas as opiniões. É justamente por isso que os anunciantes veiculam suas propagandas na tevê, muitas vezes, de forma sistemática e contínua.
A educação é, em parte, baseada nestes princípios. Os políticos também fazem disso um uso cotidiano. Afirmar, depois repetir, representa mesmo o fundo principal dos seus discursos.
A afirmação não precisa se apoiar numa prova racional qualquer: deve, simplesmente, ser curta e enérgica, e cumpre que impressione. Pode-se considerar como tipo dessas ornais franceses no início do século XX:

Quem produziu o trigo, isto é, o pão para todos? O camponês!
Quem faz brotar a aveia, a cevada, todos os cereais? O camponês!
Quem cria o gado para dar a carne? O camponês!
Quem cria o carneiro para proporcionar a lã? O camponês!
Quem produz o vinho, a cidra, etc.? O camponês!
Quem nutre a caça? O camponês!

E, entretanto, quem come o melhor pão, a melhor carne?
Quem usa as mais belas roupas?
Quem bebe o bordeaux e o champagne?
Quem se aproveita da caça?
O burguês!!
Quem se diverte e repousa à vontade?
Quem tem todos os prazeres?
Quem faz viagens de recreio?
Quem se coloca à sombra no estio e no inverno junto a um bom fogo?
O burguês!!
Quem se nutre mal?
Quem raramente bebe vinho?
Quem trabalha sem cessar?
Quem se queima no verão e gela no inverno?
Quem padece muitas misérias e tem pesados trabalhos? O camponês!

Suficientemente repetida, uma afirmação acaba por criar, primeiramente, uma opinião e, mais tarde, uma crença. A repetição é o complemento necessário da afirmação.
Repetir muitas vezes uma palavra, uma idéia, uma fórmula, é transformá-las fatalmente em crença.

Constatação: Todo aquele que procura persuadir a outros tem empregado este processo largamente utilizado ao longo da História.

O seu poder é tal que se acaba por crer nas próprias palavras assim repetidas e por aceitar as opiniões que habitualmente se exprime. Ao Senado que lhe pedia adotasse medidas destinadas à defesa da República, o grande Pompeu não cessava de repetir que César não atacaria Roma e, nota Montesquieu, "porque ele tantas vezes o tinha dito, ele dizia-o sempre". A convicção formada no seu espírito por essas repetições impediu-o de recorrer aos meios que lhe teriam permitido proteger Roma e conservar a vida, ao menos durante algum tempo.
A história política está repleta de convicções formadas assim, pela repetição.
Antes de 1870, os generais franceses não cessavam de repetir que os exércitos alemães eram muito inferiores aos deles. De tanto repetir, passaram a acreditar. E acabaram pagando caro o preço dessa convicção.
As convicções fortes podem, assim, surgir de convicções fracas ou mesmo, simplesmente, simuladas. "Fazei tudo como se acreditásseis", disse Pascal, "isso
vos fará crer"

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Uma crença qualquer, seja ela religiosa, política, moral ou social mantém-se sobretudo pelo contágio mental e por sugestões repetidas. No caso da religião, por exemplo, as imagens, estátuas, relíquias, peregrinações, cerimônias, cantos, música, prédicas etc., são os elementos necessários desse contágio e dessas sugestões.
Dizia Le Bon que, “confinado num deserto, privado de qualquer símbolo, o crente mais convicto veria rapidamente a sua fé declinar. Se, entretanto, os crentes a conservam, é porque incessantemente releem os seus livros religiosos e, sobretudo, se sujeitam a uma multidão de ritos e de preces. A obrigação para o padre de recitar diariamente o seu breviário foi imaginada pelos psicólogos que conheciam bem a virtude sugestiva da repetição.”
Trazendo estes ensinamentos para o campo do nosso objeto de estudo – o Marketing
Pessoal – podemos afirmar que a exposição contínua da imagem de uma pessoa (repetição) consolida esta imagem de tal forma que se torna muito difícil modificá-la na mente das outras pessoas.
Alguém que reconhecidamente não é “rigoroso” na sua higiene pessoal (e se esta imagem já estiver inculcada na mente dos amigos e familiares), terá uma imensa dificuldade em impor uma nova imagem, desta vez de “homem asseado”. O mesmo acontece com as pessoas vistas como desonestas, preguiçosas, pusilânimes, vulgares etc. Elas só são vistas desta forma porque exibiram-se assim e, quase sempre, insistiram em “repetir esta imagem”. Mas, mesmo assim, é possível mudar uma imagem negativa. Trabalhoso, mas possível.

Marketing pessoal na política


Política, na sua definição mais essencial, é a habilidade no trato das relações
humanas, com vista à obtenção do poder. No regime democrático, onde a vontade da
maioria prevalece sobre a vontade da minoria, utilizamos o Marketing Pessoal
para que este “relacionamento humano” resulte em adesão, afinal, na democracia o
poder emana do povo.
Pelo menos em teoria, o poder político é uma concessão. Pessoas afinadas com uma
ideia aglutinam-se em torno de “alguém” – o candidato - que se propõe a defendê-la e, através do voto, concedem a ele este poder. Pelo menos, em teoria é assim.
Porém, que mecanismo é esse que faz com que as pessoas se aglutinem em torno de
alguém? O que leva as pessoas a decidirem por um ou outro candidato? Como é que
funciona o processo decisório individual e em grupo?
Para entendermos este mecanismo, precisamos partir de algumas constatações:

1) Em toda e qualquer decisão (seja lá qual for), os sentimentos pesam mais do que razão. Embora a razão nos aponte que uma ideia é melhor do que outra, isso não basta para que decidamos por ela. O sentimento que nutrimos pelos defensores de cada uma delas é que vai ser decisivo.
2) O desejo de “poder” é comum a todas as pessoas (todos querem o “poder” - isso é lei). Só abrimos mão dele em favor de outra pessoa quando constatamos nossa incapacidade (financeira, intelectual etc.) para alcançá-lo, ou quando o sentimento que nutrimos por essa outra pessoa é tão grande que justifique tal concessão.
3) Ninguém abre mão do seu desejo de poder em favor de alguém que tenha a mesma “incapacidade” que ele identifica em si mesmo, ou que, mesmo sendo mais capaz do que ele, não toca o seu coração.

Importante considerar:
Todas as pessoas anseiam por reconhecimento, ninguém se contenta com a “indigência social”. É por isso que todos gostam de ser “amigos de pessoas importantes”, isso dá prestígio junto a seus amigos, vizinhos e parentes.
Afinal, já dissemos, prestígio é uma forma de poder.
Assim, quem quer votos, deve cuidar, em primeiro lugar, de projetar uma imagem
de importância
que satisfaça a carência de prestígio do seu possível eleitor.
Lembre-se: se você não é “importante”... por que eu votaria em você?

Mais importante que as ideias de um político é o que o eleitor sente por ele.

...

Difícil entender?

No dia 25 de julho de 2014, morreu no Rio de Janeiro o astrônomo Ronaldo Mourão.
Para aqueles que desconecem detalhes sobre a vida deste ilustre cientista brasileiro, saibam que tratava-se de a maior autoridade em Astronomia do Brasil.
Foi autor de mais de 90 livros e centenas de artigos publicados tanto no Brasil como no exterior, sendo reconhecido e distinguido com inúmeros títulos de grande honra.
Em 1999, tomou posse na Academia Luso-Brasileira de Letras, na cadeira n.º 38 que tem como patrono Gregório de Matos. Em junho desse ano também foi eleito membro da Academia Brasileira de Filosofia, na cadeira n.º 41 que tem como patrono Roberto Marinho de Azevedo.
Em 4 de julho de 2001, foi eleito membro titular do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, e em 23 de outubro de 2001, tomou posse na Academia Brasileira de Literatura, na cadeira n.º 16 que tem como patrono Fagundes Varela. Um semana depois, tomou posse naAcademia Carioca de Letras, na cadeira nº 14, que tem como patrono Pedro II.
Em 25 de maio de 2005, recebeu o título “Suprema Honra ao Mérito” da Universidade Soka, Tóquio, em reconhecimento "aos notáveis empreendimentos realizados, em prol da ciência, educação e do bem-estar da humanidade, do verdadeiro testemunho de uma vida exemplar dedicada às causas públicas e humanitárias". No dia seguinte recebeu o Prêmio de Cultura e Paz da SGI – Soka Gakkai International, Tóquio, "em reconhecimento pela sua grande contribuição à realização de uma paz duradoura e a promoção da cultura baseado nos nobres ideais do humanismo".
Ele fundou o Museu de Astronomia e Ciências Afins em 1985 e elaborou os verbetes sobre o tema em edições dos dicionários Aurélio Buarque de Hollanda e da Enciclopédia Britânica do Brasil. Trabalhou, também, pela democratização desse campo do conhecimento, produzindo artigos para jornais e programas de rádio.
Pois bem, este digno brasileiro também tentou a carreira política, respaldado por sua história de homem honrado, preparado e com nobres ideais. O que aconteceu? Veja:
Em 2002, se candidatou a deputado federal, conseguindo somente 9 votos . Em 2006, foi novamente candidato, onde obteve 692 votos. Cantores, ex-jogadores de futebol, homoristas da tevê, ex-big brotheres e até um rinoceronte – o Cacareco – quando se candidataram tiveram milhões de votos. Pois é...

Nota: A LALB faz questão de registrar o profundo respeito e admiração que seus membros têm pela memória deste grande brasileiro.

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