Primeira vez neste site? Então
[clique aqui]
para conhecer um pouco da CBJE
Antologias: atendimento@camarabrasileira.com
Produção de livros: cbje@globo.com
Contato por telefone
Antologias:
(21) 3393 2163
Produção de livros:
(21) 3547 2163
(21) 3186 7547

José de Sousa Magalhães
Piracuruca / PI /

 

O morcego de Cantanhede

 

Era um dia normal como outro qualquer, o jovem Edgar estava sentado observando o por do sol, fazia isso todos os dias desde que tinha cinco anos, hoje com treze, Edgar é um menino sozinho, seus amiguinhos da escola o excluíam de tudo, pois o achavam esquisito. Seus pais haviam se separado quando ele tinha quatro anos, morava com o pai e a madrasta, ambos não davam a necessidade que uma criança dessa idade necessitava.
                Era novembro, 13 de novembro para ser mais exato, fazia bastante frio, pois o inverno já se aproximava na pequena cidade de Cantanhede, uma cidade portuguesa no Distrito de Coimbra, região Centro e sub-região do Baixo Mondego, com cerca de 5 700 habitantes. As árvores já haviam perdido bastantes folhas, e o clima tornava-se bastante propicio a chegada de neve.
                Aquele dia seria um dia novo para Edgar. Ao entrar em sua casa o menino foi direto para seu quarto, como sempre fazia, der repente, ao abrir a porta, deparou-se com um enorme morcego estava dependurado no telhado, mais precisamente em cima de seu guarda-roupa. Edgar curioso fica a observar aquele animal, que para ele era novo, pois naquela região não era muito comum a presença de morcegos. Os raios solares ainda reluziam na janela, pois o sol ainda não havia se posto por completo, quando tudo escurece, em um ato quase que automático, o morcego voa imediatamente para o lado de fora e vai embora.            Edgar ficou curioso com aquele fato, mas ignora e poucas horas depois resolve ir dormir.
                No dia seguinte, quando Edgar acorda dá de cara como o morcego no mesmo lugar de antes. Como ele havia entrado? Talvez quando seu pai abriu a porta para ir trabalhar, pois saia muito cedo para isso, ele provavelmente teria entrado. Edgar ficou muito curioso com o fato, o morcego durante o dia ficava imóvel ali parado, o menino não se atrevia a tocar nele, ficou apenas a observá-lo durante todo o dia. Ao por do sol, quando os raios solares já não iluminavam mais o local, o morcego acordava repentinamente e saia pela janela.
                Desde aquele dia 13 de novembro, esse fato começou a acontecer. Todos os dias o morcego aparecia no quarto de Edgar e durante a noite perambulava Deus sabe por onde. Esse acontecido perdurou por cerca de três semanas consecutivas, quando então, Edgar fez uma descoberta que o deixou confuso, na mesma data do aparecimento do morcego, um homem havia chegado de mudança da Espanha e estava morando no outro quarteirão por trás de sua casa, teria isso algo a ver? Edgar iria investigar.
                Ao anoitecer, quando o morcego saia pela noite, o jovem Edgar vai até a suposta casa do Espanhol que havia chegado de viagem, ao chegar nela, depara-se com tudo fechado e uma placa escrita “VENDE-SE”. Confuso, pergunta ao vizinho se havia alguém naquela casa e ele responde que tinha até ontem, mas foi embora novamente e ainda completou, era um cara estranho, mal se via ele, era pálido e parecia ter problemas mentais.
                Edgar voltou ainda mais confuso para casa, mas para retirar totalmente suas dúvidas, decidiu que no dia seguinte, quando o morcego voltasse iria capturá-lo e leva-lo a algum biólogo, para tentar explicar porque aquele fato estava ocorrendo. Voltou para sua casa, mas antes passou em uma biblioteca para estudar os morcegos descobriu muitas coisas interessantes inclusive, uma suposta lenda sobre vampiros, mortos vivos que retornavam de suas tumbas para sugar o sangue dos vivos, e podiam se transformar em morcegos.
                No dia seguinte, Edgar acorda mais cedo e ansioso para enfim capturar aquele morcego e finalmente por fim neste mistério. Quando acorda, surpresa! O morcego não estava mais ali. Edgar o procura em todos os lugares e nada. Então se lembra das palavras do vizinho, que aquela casa tinha gente até ontem, será? Edgar sai correndo desesperado procurando o morcego pela rua, quando anda duas quadras, observa de longe uma multidão de gente em volta de um corpo estirado no chão, o corpo era de uma mulher jovem que estava totalmente pálida e como pescoço quebrado. Em seu corpo, podia se ver arranhões como se ela tivesse sido atacada por animais.
                Edgar ficou impressionado ao ver a cena, e volta correndo chorando para sua casa. Até hoje, não se sabe ao certo como aquela moça havia sido morta. Ao final de tarde, Edgar volta a observar o por do sol, como sempre fazia, pelo menos até o morcego aparecer em sua casa, e de longe vê dois morcegos em uma árvore, dois morcegos que saem voando desesperados quando o sol se põe.

 

 
 
Conto publicado no "Livro de Ouro do Conto Brasileiro" - Junho de 2016